Eu e meu namorado Kbeça traçamos um
objetivo na escalada que é conhecermos os picos de escalada no Brasil e
realizarmos, se possível, uma trip internacional ao ano, assim fazemos novas
amizades, vivenciamos novas culturas, novos estilos de escalada e claro, escalamos
a muerte , rs, já que geralmente o tempo é curto para muito climbing e não há muito
tempo para descansos. E assim foi com a maravilhosa Itatim! Essa singela cidadezinha
bahiana de aproximadamente 15.000 habitantes, localizada no polígono das secas,
há 221 km de salvador (pela BR 116), se caracteriza por suas formações rochosas
distintas.
Após um vôo promocional, chegamos em
Salvador dia 07 de junho, uma sexta feira comum. Fomos recebidos pelo casal
carismático Juan e Daniela, infelizmente um dos poucos escaladores locais, e
fomos dar um rolé pela capital de trânsito caótico e intensamente congestionado,
aff. No final da tarde fomos de carro para Itatim , outro crux, pois a BR 116 é
habitada por carretas e mais carretas e muitas delas imprudentes. Após mais ou
menos 3 horas de estrada chegamos à cidadezinha
e após uma pizza fomos para o abrigo de escaladores, muito arrumadinho
por sinal, e dormimos ansiosos pelo que nos esperava!
O tempo amanheceu chuvoso e fresco, sim, senti
frio no sertão, rs mas já deu para visualizar da cidade o potencial incrível do
lugar! Depois de um excelente café da manhã na padaria-------------partimos
rumo ao Morro do Enxadão. Com a indicação de Dani entrei a vista, sacando, nas
Questões Éticas (7a), uma linda escalada em fenda que tijola muito as
panturrilhas, rs. Acho que preciso treiná-las, rs. Logo começou a chover e
partimos para o Jararaca, o setor de tetos incríveis no qual a escalada seria
garantida. Após uma escalada em fenda chegamos ao platô que acessa as vias em
teto! O grau varia de sexto a 9b no momento, sendo o lugar bastante receptivo a
todos os níveis de escaladores. SURREAL!!! Entrei, pela indicação de Bibi do RJ,
na via Sine Qua Non, um dos 8cs mais lindos do Brasil. Com a segue e dicas da
Dani entrei na via toda mas não consegui isolar e entender muito bem o crux mas
senti que com um pouquinho de paciência em desvendá-lo a cadena seria possível,
pois após um crux forte há uma escalada contínua em agarrões com direito a descanso
estilo morceguinho se isso te agradar.
A
noite rolou um churrasco de picanha e carne de sol para os esfomeados
carnívoros e eu, pouco carnívora, quase uma vegetariana, me deliciei com minha
carne de soja com macarrão bifum , hummmmmmm .Essa foi a base de nossos
jantares futuros.
Domingo
partimos para um mega tour com o casal que nos apresentou os setores Pedra da
Fonte, Napoleão, Toca Norte e Toca Sul. Sim, conhecemos tudo num mesmo dia. Na
Pedra da Fonte entrei na clássica Sagitário, um 7ª de crux inicial forte que
cai no a vista e só fui mandar de terceira entrada, aff.No Napoleão não escalei
mas presenciei a cadena sólida a vista do Kbeça na via -------- . Não escalamos
no Toca Norte. O Toca Sul nos agradou muito e me lembrei muito da Barrinha no
RJ devido sua escalada em regletes, vias altas e sujeitas a brisa de cadena,
sem contar o visual!!! Entrei numa 7b-c de crux inicial concentrado em micropés
e de final prazeroso em agarrões. Após praguejar um pouco mandei a via com um
sorriso no rosto e me senti muito feliz em estar lá. Descemos uma escalaminhada
a noite que me rendeu numa das mãos inchadas após encostar num cansanção.
A noite nosso casal amigo foi embora e
ficamos eu e Kbeça a semana toda na qual focamos a escalada no Enxadão e
Jararaca. Íamos e voltávamos de mototáxi.
No
Enxadão mandei mais um 7ª onsight (Sei
Nada) e tentei um 7c (Frango sem Osso) onsight que mandei só na terceira
tentativa após vacilo nos pés, pelo menos minha leitura foi certa o que me
deixou feliz, faltou acreditar mais na força das pernas, rs. Essas pernas estão
me dando trabalho, rs O Kbeça limpou as vias grampeadas do Enxadão, inclusive
mandou uma via incrível, um projeto quebradiço que ele mesmo colou no qual
teve que pular uma costura mega adrenante para que saísse cadena.
Durante a semana íamos revezando os dois
picos e toda vez que íamos ao Jararaca enquanto o Kbeça ia mandando todas as
vias no pico eu entrava na Sine Qua Non. Isolei o crux e após ver o vídeo da
Bianca (abaixo) visualizei outras passadas que ajudaram a melhorar o meu jeito
na via.
No
antepenúltimo dia da trip fomos novamente ao Enxadão. Fui focada em isolar bem
a via Sãotanás e tentar mandá-la, a equipei sem betas e me desgastei muito no
crux inicial para tentar desvendá-lo. A via consiste numa sequência de crux
entre a segunda e quarta custuras, seguida depois de uma resistência torante em
agarras escondidas que também me lembraram do final das vias na Barrinha, ah
saudade. Após algumas várias tentativas achei o meu jeito no crux mas
precisaria de descanso e mais pele para mandar a via, descanso esse a que me
forcei no dia seguinte, penúltimo dia da trip, após dar mais um pega na Sine e
perceber o quanto estava mal.
Após uma semana ininterrupta de escalada
decidi não escalar mais no Sábado para me reservar para a Sine no Domingo,
último dia da Trip. Decisão difícil pois reservar a cadena para o último dia da
trip seria muito tenso, mas já estava mal do corpo, pele e mente. Era tudo ou
nada no Domingo ou Nada e Nada no Sábado e Domingo. Bela decisão, a cadena saiu
no primeiro pega do dia seguinte e ainda deu tempo para entrar em flash, betado pelo Felipe de Feira de Santana, na
Salim Não Está, lindo 7b no Jararaca, marcado por um belo descanso no qual fica
sentado. O duro é querer sai dali, rs. Fechei assim a trip com chaves de ouro e
uma vontade imensa de voltar logo!!! Todos deveriam conhecer Itatim, lá é o
paraíso!!!
Agora, após um semi-descanso de uma semana
vou focar no treino de força que os festivais de boulderes vêm ai! Kmom????